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Na primeira Copa do Mundo, nem de longe o Brasil demonstrou que um dia seria a potência que é hoje no esporte. A seleção chegou ao Uruguai para a disputa do Mundial dividido e sem forças para lutar pelo título. A causa do racha foi a rivalidade entre paulistas e cariocas.

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Foto: Seleção do Brasil na primeira Copa. Um escrete quase carioca.

Capital do Brasil na época do Mundial, o Rio de Janeiro era o grande centro financeiro, social, cultural e artístico. Mas com a economia brasileira baseada no café, São Paulo crescia rapidamente e assumia o comando político do país.

O Brasil viveu o clima da Copa alguns dias antes de embarcar, já que as delegações do México e EUA que a bordo do Navio Munargo, deram uma parada no porto do Rio de Janeiro antes de seguir para o Uruguai, treinaram no campo do Fluminense e do Botafogo e passearam pela “Cidade Maravilhosa”. Até o embaixador mexicano foi visitar seus compatriotas e desejar boa sorte no torneio.

O Brasil embarcou dia 2 de julho, no mesmo SS Conte Verde que trazia os europeus que partiram no dia 22 de junho. A multidão fez uma festa para a seleção, com banda de música, execução do Hino Nacional e Hino da Bandeira e, com escolta da Marinha Armada até o “vapor”, ganhar o oceano. “O Conte Verde transpunha a barra levando em seu bojo os depositários da esperança de todos os verdadeiros sportmen de nossa pátria.” (JORNAL DO BRASIL, 3/07/1930). O zagueiro Hermógenes teria garantido aos compatriotas: “Fiquem certos: voltaremos campeões do mundo!”.

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Foto: O confiante volante e zagueiro Hermógenes Valente Fonseca (1908 – ?).

O clima aparentemente festivo não demonstrava a rivalidade crescente que acabou se refletindo no futebol. A principal divergência era entre a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), essencialmente carioca, que não convidou membros da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) para tomar parte da comissão técnica que iria ao Uruguai. Em retaliação, a APEA não permitiu que clubes de São Paulo liberassem jogadores à seleção. Apenas o atacante Araken Patusca conseguiu ir à Copa porque estava sem contrato com o seu time, o Santos FC.

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Foto: O atacante Araken Patusca da Silveira (1905 – 1990), único paulista a defender a seleção em 1930.

Sem poder contar com craques como Arthur Friedenreich, Feitiço, Athié, Bisoca e Del Debbio, a seleção brasileira fez uma campanha medíocre na primeira Copa do Mundo da história. Logo na primeira partida foi derrotada pela Iugoslávia por 2×1.

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Foto: Meia atacante Arthur Friedenreich (1892 – 1969). El Tigre Fried foi a ausência mais sentida na seleção brasileira da Copa de 1930.

Nesse jogo, o Brasil sofreu dois gols no primeiro tempo e, apesar de ter conseguido descontar na etapa final com Preguinho, não teve forças para obter a virada. Apesar das ausências dos craques paulistas, o frio foi um grande adversário para os brasileiros. Cada jogador foi obrigado pelo técnico a jogar com blusas de lã por baixo do uniforme branco da seleção. Tudo para superar a temperatura de -3°C, que para os europeus era muito mais confortável. Além do frio, o excesso de agasalhos atrapalhava muito a mobilidade.

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Foto: João Coelho Neto, o Preguinho (1905 – 1979), primeiro brasileiro a marcar gol em Copas.

A rivalidade dentro do país era tanta que, ao saber da derrota dos cariocas para a seleção iugoslava, uma pequena multidão aglomerou-se em frente aos jornais paulistas para comemorar.

Quando entrou em campo para a segunda partida, diante da Bolívia, a seleção brasileira já estava eliminada da Copa do Mundo, pois três dias antes os iugoslavos haviam goleado os bolivianos por 4×0. Assim, tanto brasileiros, quanto bolivianos apenas cumpriram tabela e, sem compromisso, o Brasil conseguiu a sua primeira vitória na história do Mundial: 4×0, com dois gols de Moderato e outros dois de Preguinho.

Além da divisão entre Rio e São Paulo, a falta de experiência internacional e o rigoroso inverno uruguaio também foram apontados como causas do mau desempenho do Brasil. A famosa “tremedeira” de alguns jogadores diante dos zagueiros iugoslavos também foi imensamente divulgada na época da desclassificação precoce.

Além disso, ficou evidente a falta de preparação física dos brasileiros, que piorou graças à desgastante viagem de navio a Montevidéu, no Uruguai.

A equipe voltou para o Brasil a bordo do Sierra Morena e os jornalistas daquela época já pegavam no pé dos jogadores por conta de sua forma física. As manchetes após o desembarque era que todos os jogadores tinham engordado com a excursão.

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Foto: Volante Fausto dos Santos (1905 – 1939), o Maravilha Negra foi o único jogador brasileira a figurar entre os melhores da Copa de 1930.

Durante a curta estadia da seleção no Mundial, um jogador se destacou: o volante Fausto, do Vasco da Gama, que ganhou o apelido de “Maravilha Negra” pelo futebol elegante apresentado.

Texto de Marcello Pereira Borghí, sobre as fontes.


FONTES:

fifa.com

google.com

pt.wikipedia.org

globoesporte.com

oglobo.globo.com/esportes

uol.com.br/esportes

uol.com.br/trivela

terra.com.br/esportes

travinha.com.br

guia dos curiosos

mochileiro.tur.br

campeoesdofutebol.com.br

revista placar

revista lance

álbuns e guias das copas do mundo

filmes oficiais das copas do mundo

periódicos da época